segunda-feira, 2 de março de 2015

COMO ORIENTAR O TRABALHO EM GRUPO

COMO ORGANIZAR  OS  EDUCANDOS PARA REALIZAREM  TRABALHOS EM GRUPO

Em duplas, trios, quartetos... Para definir a melhor alternativa, é necessário diagnosticar o que cada um sabe sobre o conteúdo. Como forma de ajudar nessa tarefa na aprendizagem veremos algumas dicas já realizadas por educadores.

       Colocar, trabalhando juntos, os que têm saberes diferentes é uma forma poderosa de fazer todos aprenderem. Para tanto, iniciar a atividade com um diagnóstico em que verifica o que cada um sabe sobre o tema em questão, só então planejar as situações de interação.  Trabalhar em grupo não é apenas importante, mas fundamental. Estudos realizados destacam as condições em que se dá esse processo - o que inclui o conteúdo e o conhecimento prévio da turma,  além da importância do intercâmbio cognitivo, que traz avanços conceituais. O progresso alcançado quando os integrantes de um grupo confrontam pontos de vista moderadamente divergentes foi comprovado por pesquisa na Suíça. Independentemente das opiniões dos estudantes estarem certas, foi comprovado que a diversidade de posições leva a conflitos e, em conseqüência, ao desenvolvimento intelectual e à aprendizagem. Abaixo estão alguns exemplos de Critérios de agrupamento:

1.     Como montar grupos que sejam produtivos?
Deve-se pensar no conteúdo e nos objetivos da atividade. Tendo claras as duas informações verificar o que a turma já sabe, o que se alcança com a investigação do nível de conhecimento de todos e de cada aluno. Esse mapeamento é o ponto de partida das ações do professor e o que dá apoio para a divisão em grupos, em que se reúnem os que têm condições de trocar em determinada tarefa. Quanto mais se sabe sobre o nível de conhecimento dos alunos e o conteúdo a ser ensinado, mais produtivo é o agrupamento. Não basta fazer um diagnóstico no começo do ano, deve-se repetir ao longo do ano o desempenho de cada um, acompanhado de perto em observações e na análise das produções. Diferentes conteúdos exigem variados tipos de diagnóstico. Para verificar o que as crianças sabem sobre o handebol, por exemplo, nada melhor do que primeiro proporcionar a visualização de uma partida e façam comentários. Logo após, entregar uma bola a elas e deixar que mostrem esse conhecimento na prática, em quadra.

2. Grupos de acordo com a afinidades?
A decisão depende da proposta. Podem escolher com quem vão trabalhar se a atividade não tiver como objetivo ensinar um conteúdo. Por ex.: jogos conhecidos ou conhecimentos já adquiridos. Porém tudo muda se o objetivo é a aprendizagem. Nesse caso, a afinidade não cabe como um critério de agrupamento, pois o principal objetivo da estratégia é a interação cognitiva e a construção de conhecimentos. Se os escolhidos para trabalhar juntos não se relacionam bem, um dos caminhos é mediar possíveis atritos para que a produtividade não seja prejudicada. Essa é também uma oportunidade para todos aprenderem a lidar com as diferenças e se respeitarem, independentemente dos vínculos emocionais. Ser capaz de perceber o ponto de vista alheio e considerá-lo exige aprendizado como uma construção progressiva e que depende da vivência de situações que promovam avanços nas relações, em direção à cooperação e à autonomia.


3. Agrupar os mais agitados com outros mais calmos e os mais tímidos com os extrovertidos é um bom critério?

Não. Ao definir as equipes, é importante garantir a máxima circulação de conhecimentos e informações. Quando se utilizam critérios como esse, não se configura necessariamente uma boa situação de trabalho. As características pessoais podem facilitar o debate e a discussão, mas o mais importante é que as equipes sejam produtivas do ponto de vista dos conteúdos que você pretende ensinar. Todas as interações pressupõem um empenho para que o bom relacionamento prevaleça. É papel do professor garantir que isso aconteça, criando condições para a colaboração e evitando que uns se calem ou obedeçam, enquanto outros dominam o trabalho. De modo geral, ninguém é o tempo todo calmo, agitado, tímido ou extrovertido. Um jovem que tenha mais facilidade em Matemática tende a ser mais participativo nas aulas dessa disciplina e menos nas de outra em que não se saia tão bem.

4. Como não errar na formação de duplas, trios, quartetos, quintetos, etc?
Os erros não acontecem quando se tem em mente que o mais relevante para definir as formas de agrupamento é levar as crianças a avançar. Fazer um diagnóstico detalhado também é essencial para pensar nos desafios que precisam ser vencidos por elas, nas hipóteses e nos saberes que cada uma apresenta e, acima de tudo, nos progressos a promover. Um erro comum é dividir a turma para realizar uma atividade que originalmente seria individual. Antes de apresentar um trabalho coletivo, é preciso avaliar se é realmente a hora de promover a troca de conhecimento ou se é melhor pedir que cada aluno faça o seu. 

5. Dar autonomia à classe ou intervir sempre de modo a mediar o trabalho?
Dar autonomia não significa deixar de intervir. César Coll diferencia dois mecanismos de influência do educador: as situações de construção dirigida de conhecimento e as de construção colaborativa. A primeira se caracteriza pela participação coletiva da turma com a orientação docente. A segunda é marcada pela interação entre os pares. Nesse momento, no entanto, é comum ver crianças sem assistência e livres para fazer o que quiserem - o que não garante a troca de conhecimentos. Para evitar que isso ocorra, deve-se notar que o trabalho em grupo transforma o papel tradicional do mestre, que passa a criar as condições para que a garotada tome decisões e resolva as situações-problema sem ter o processo todo dirigido. Cabe a ele definir a tarefa a ser realizada, dar instruções e sugestões de encaminhamentos, indicar materiais, explicar as regras sobre cooperação entre os participantes e fazer correções de rotas. Na atividade em grupo, tem lugar uma troca horizontal (aluno com aluno) e não vertical (professor com aluno). Por isso, tirar uma dúvida do grupo não significa responder às perguntas, mas levar os integrantes a relacionar conhecimentos e informações que levem à resposta.

6. Como aproveitar a heterogeneidade e despertar interesse e a participação de todos?
Ajudando um a compartilhar com o outro seu modo de pensar sobre determinada situação-problema. Depois de identificar o nível de conhecimento de cada um no início de um processo de ensino, torna-se importante observar o desempenho de todos no processo e modificar a formação dos grupos conforme a necessidade. Esse cuidado é essencial para garantir a atenção e a vontade de contribuir. Além disso, as atividades devem estar de acordo com os níveis de aprendizagem: nem muito fáceis nem muito complicadas.

7. É possível começar o ensino de um conteúdo pedindo uma atividade individual e só depois fazer agrupamentos?
Sim. A articulação do trabalho de grupo e individual se dá em processos complementares: um ascendente e outro descendente. No primeiro, a produção individual ou de duplas é o ponto de partida para o processo de aprendizagem, que em seguida é discutido em grupos maiores e, enfim, compartilhado por toda a turma. O modo de organização descendente, por sua vez, começa com o trabalho coletivo e termina no individual ou em dupla. Ele se aplica preferencialmente quando já se sabe que a dificuldade imposta pela tarefa é grande e que, sozinho, ninguém vai conseguir realizá-la. Um exemplo é a leitura de textos mais complexos. O professor faz a leitura para todos, depois pede que leiam em pequenos grupos e, em seguida, individualmente.

8. É possível dar tarefas diferentes para cada agrupamento?
Sim, desde que haja um objetivo geral e comum a todos os grupos. Essa situação se justifica no caso em que é preciso variar o grau de desafio da proposta para melhor atender à diversidade da classe. Também é essencial prever as necessidades de cada grupo no desenvolvimento das tarefas e pensar nas intervenções a fazer, já que elas serão mais diversas que de costume. Para garantir a unidade, uma idéia interessante é realizar um projeto em que o trabalho de cada grupo sirva de base para a construção de outro, da sala inteira (um seminário, por exemplo, reunindo o resultado dos diferentes trabalhos realizados pelas equipes em um novo conhecimento partilhado e construído coletivamente).



9. Como evitar que alguns alunos fiquem ociosos, esperando os colegas terminarem?
Fazendo um planejamento minucioso. Essa preparação inclui estruturar a atividade e coordená-la para que os estudantes não atribuam a responsabilidade de realizá-la apenas a um ou dividam as tarefas - o que impede que interajam. Isso não significa que todos os membros da equipe devam contribuir da mesma maneira. Para perceber se a troca de informações está sendo feita de forma desejável, o professor necessita acompanhar o trabalho e identificar as dificuldades. Outra ajuda é definir a atuação de cada um. Por fim, caso perceba que um deles não está produzindo porque tem um nível muito diferente do apresentado pelos demais - por um erro de diagnóstico, a saída é reagrupar.

10. Alguns pais dizem que, nos trabalhos em grupo, o filho faz tudo e outros, que a criança só copia do colega. Como resolver isso?
Se realmente há quem faça tudo ou não faça nada, os pais têm razão. Quando eles estavam na escola, provavelmente esse tipo de atividade não envolvia a interação, mas a divisão de tarefas. Nesse caso, o trabalho acaba sendo feito individualmente, e as produções reunidas antes da entrega, sem construção coletiva de conhecimento nem orientação do professor. Exemplo: a situação no caso de um trabalho de Ciências. Quando o educador passa um roteiro pedindo o nome de frutas e as vitaminas que elas contêm, provavelmente as crianças dividem as funções e cada uma procura um dos itens. Isso não é trabalho coletivo. O melhor, nesse caso, é apresentar uma situação-problema: por que é importante comer frutas? Dessa forma, o conhecimento é construído por meio da pesquisa e do debate entre as crianças.Se o professor já tem uma atividade planejada e considera o nível de conhecimento da garotada sobre o conteúdo, acompanha e avalia o trabalho, provavelmente está promovendo um agrupamento produtivo. Cabe a ele mostrar as vantagens desse tipo de estratégia didática aos pais que reclamarem.

11. Os alunos devem sempre ter um papel definido dentro do grupo?
Vale esclarecer que ter um papel não significa ter uma tarefa e dar conta dela sozinho. A criança pode ter uma função - definida de acordo com o que precisa aprender ou ensinar -, desde que a desempenhe com a ajuda dos demais.As questões atitudinais no trabalho em grupo devem ser vistas como um conteúdo em si. De acordo com ele, para que a atividade seja produtiva, é essencial que os alunos tenham reforçado o que chama de papéis positivos, como propor idéias, avaliar, manter o foco, coordenar e conciliar. Por outro lado, os papéis negativos precisam ser neutralizados. São eles os de quem se retrai, brinca demais, chama a atenção para si, agride, domina e compete. Sem levar em conta a questão atitudinal, não há como obter sucesso na aprendizagem conceitual (Bonals).

12. Que tipo de atividade em grupo ganha mais significado para os estudantes?
Aquelas que eles dão conta de realizar por meio da troca de saberes com os colegas, com pouca interferência do professor.  Com pouca interferência do Prof., todos aprenderam com os colegas e ensinam a eles.




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