terça-feira, 13 de julho de 2010

EDUCAÇÃO E PÓS MODERNIDADE

FAMÍLIA, ESCOLA E PÓS-MODERNIDADE

Jaqueline Oliveira.
Supervisora/Orientadora Educacional.

Uma questão bastante presente e preocupante na escola da atualidade é o grande número de crianças agressivas, estressadas e ansiosas, em sua maioria com situações de dificuldades na aprendizagem. Estas demandas estão intimamente relacionadas com a estrutura familiar e com estrutura social da pós-modernidade. Segundo Bauman, sociólogo Polonês, nossa sociedade sofre um momento de liberdade, mas ao mesmo tempo de insegurança. Este processo acelerado de individualização e desapego ele denomina de “Modernidade Líquida‟ (2001). Assim como a maioria das pessoas, os pais estão preocupados com inúmeras atividades assumidas e conseqüentemente sem tempo, sendo que poucos são aqueles que têm disponibilidade para atender seus filhos. Para Bauman, a manipulação das relações sociais encontra-se cada vez mais gerada pelo consumo. Mesmo as mais intensas relações afetivas – amizades, namoros, casamentos – são comprometidas pelo consumo como ideal do agir social moderno-líquido. O outro passa a ser benéfico enquanto oferece satisfação, e desnecessário ao fim da utilidade, sendo visto como objeto de consumo. As relações humanas acabam sendo construídas pelo consumo e, como eles próprios, se tornam imagem do consumo, terminando por originar uma fluidez, uma efemeridade cada vez mais exacerbada nos relacionamentos humanos. (BAUMAN, 2004; 2006). Toda esta insegurança e superficialidade nas relações enfrentadas pelas famílias frente às intensas modificações sociais acabam por enfraquecer os laços entre seus membros, gerando crianças/adolescentes mais inseguros, insatisfeitos, inconstantes e influenciando diretamente nas relações destes com seus pares. A falta de tempo dos pais na família moderna diminui a interação entre seus membros empurrando os pais para um sistema de auto-cobrança e, ao mesmo tempo, de cobrança excessiva dos filhos, impelindo os pais a compensarem o tempo gasto fora de casa de diferentes maneiras, principalmente através do consumo. A criança, exposta cada vez mais cedo a estas demandas, acaba interagindo de maneira mais precoce frente às situações e sujeitos, desenvolvendo habilidades diferenciadas e nem sempre positivas. Esta precocidade pode provocar stress, pois o organismo reage diante de situações muito difíceis ou muito excitantes. E o stress é causador de muitas dificuldades na vida diária, incluindo na aprendizagem. Perspectivas muito elevadas exprimem grandes desapontamentos, que acabam por danificar a auto-estima. Elas findam com o vigor e a criança começa a ter empenho e curiosidade aquém, ocasionando desgaste e desinteresse. Tanto por fontes internas quanto externas o stress pode provocar: brigas ou separação dos pais, responsabilidades em demasia, disciplina confusa por parte dos pais, confusões na escola, entre outras. A depressão, a ansiedade, o medo entre outros são situações internas causadoras do stress.A escola e a família necessitam organizar-se e compartilhar responsabilidades no intuito de amenizar estas demandas diárias e promover aprendizagens mais efetivas. Ajuizar sobre os valores e afetos que fazem a diferença humana nas relações escolares no dia-a-dia é refletir sobre a edificação de uma escola mais eqüitativa e solidária e de uma família mais unida e comprometida. Vale citar Menezes (2000, p.13) e suas perspectivas sobre a educação, “A boa educação é aquela que promove gostosamente a diferença humana, preparando para a vida”. Ao trabalharem unidas, família e escola estarão colaborando para que o educando desenvolva todas as suas capacidades e possibilidades, de forma que se sinta livre para aprender e criar, trazendo experiências mais significativas e prazerosas para sua vida.

REFERÊNCIAS:

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. ______. Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. ______. Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. ______. Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006. BIDDULPH, Steve. Quem vai educar seus filhos? Traduzido por Vera Whately. São Paulo: Fundamento, 2003.DELVAL, Juan. Aprender na vida e aprender na escola. Porto Alegre: Artmed, 2001.FILHO, Bendito José de Carvalho. Marcas de família: travessias do tempo. São Paulo: Annablume, 2000.MENEZES, Luís Carlos. Os Novos Rumos da Educação. Revista Impressão Pedagógica. Campinas. São Paulo: Gráfica Expoente. v. 9, n. 21, mar.-abr. 2000.

FONTE: http://jakcanoas.blogspot.com

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