quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Autoridade se Constrói


É impossível falar de indisciplina sem pensar em autoridade. E é impossível falar de autoridade sem fazer uma ressalva: ela não é dada de mão beijada, mas é algo que se constrói. Ou seja, ter autoridade é muito diferente de ser autoritário (leia o quadro abaixo). Dizer "não faça isso", ameaçar e castigar são atitudes inúteis. O estudante precisa aprender a noção de limite e isso só ocorre quando ele percebe que há direitos e deveres para todos, sem exceção.

Um professor autoritário...
...exige silêncio para ser ouvido;
...pede tarefas descontextualizadas;
...ameaça e pune;
...quer que a classe aprenda do jeito que ele sabe ensinar;
...não tem certeza da importância do que está ensinando;
...quer apenas passar conteúdos;
...vê o aluno como um a mais.

Um professor com autoridade...
...conquista a participação com atividades pertinentes;
...mostra os objetivos dos exercícios sugeridos;
...escuta e dialoga;
...procura adequar os métodos às necessidades da turma;
...valoriza o conteúdo de sua disciplina na construção do conhecimento;
...adapta os conteúdos aos objetivos da educação e à realidade do aluno;
...vê o aluno como um ser humano.

Ana Kennya Félix, que leciona Língua Portuguesa na Escola Crescimento, em São Luís, dá uma boa amostra de como fazer isso. Certo dia, ela encontrou sua classe de 7ª série em pé de guerra por causa de uma discussão entre os meninos. Um deles desafiou-a a "botar moral". Calmamente, ela pediu que todos se sentassem e deu início a uma conversa sobre o sentido de "moral" (no caso, ordem). "Eles não esperavam esse encaminhamento e o debate serviu para a gente pensar sobre os limites de nossos atos", constata a professora.

Um dos obstáculos mais frequentes na hora de usar o mau comportamento a favor da aprendizagem é uma atitude comum a muitos professores: encarar a indisciplina como agressão pessoal. "Não podemos nos colocar na mesma posição do jovem", adverte Julio Aquino, professor de Psicologia da Educação na Universidade de São Paulo (USP). Quando a desordem se instala, diz ele, é fundamental agir com firmeza. Como fazer isso? Não há fórmulas prontas, mas um bom caminho é discutir o caso com os envolvidos e aplicar sanções relacionadas ao ato
O professor precisa desempenhar seu papel o que inclui disposição para dialogar sobre objetivos e limitações e para mostrar ao aluno o que a escola (e a sociedade) esperam dele. Só quem tem certeza da importância do que está ensinando e domina várias metodologias consegue desatar esses nós. Maria Isabel Fragoso, professora de História do Colégio Albert Sabin, em São Paulo, sabe que sua disciplina requer muitas aulas expositivas. Mas ela notou que não conseguia atenção suficiente ao falar diante do quadro-negro. A saída foi propor à garotada a criação de encenações sobre alguns períodos históricos. Resultado: o desinteresse e a bagunça logo se transformaram em mais concentração.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/indisciplina-como-aliada-431399.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário